
Após nova assembleia na tarde desta quarta-feira (21), servidores municipais de Caxias do Sul decidiram seguir em paralisação até quinta-feira (22). A medida ocorre após a falta de avanços na negociação do reajuste salarial e pela istração ameaçar retirar da mesa a proposta que corrige as distorções salariais criadas pela lei 409/2012, que criou diferentes salários para funções já existentes.
As negociações entre o sindicato e istração já duram quatro dias. O processo iniciou na última sexta-feira (19), momento que os servidores também começaram com as paralisações e entraram em estado de greve.
O que foi oferecido
A oferta da istração municipal é de 1% de ganho real a ser pago na folha de setembro de 2025 e 0,5 % de ganho real a ser pago na folha de abril de 2026. Conforme o prefeito Adiló Didomenico, a prefeitura já chegou ao limite das possibilidades e corre risco de comprometer as finanças públicas municipais se aumentar mais. A proposta foi recusada nesta terça-feira (20).
Entre as conversas, o Executivo também apresentou as correção das distorções da Lei 409/2012. No documento, é sugerido o pagamento dos reajustes para os próximos seis anos, sendo: 10% em agosto de 2026, 15% em 2027, 2028, 2029 e 22,5% em 2030 e 2031. Neste caso, a categoria aceitou a oferta ainda na sexta-feira.
No entanto, em coletiva de imprensa uma hora antes das negociações com a comissão do Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (Sindiserv) nesta quarta-feira, o prefeito Adiló afirmou que se a categoria seguisse com a paralisação, o projeto da 409 seria retirado da discussão.
— Fomos à exaustão, tudo que o Município podia conceder, a gente concedeu. E essa proposta da 409 já estava lá naquele dia (dia 19). Não havendo aceitação por parte do sindicato (a partir desta quarta), morreu. Zerou, página na virada, segue a vida. Nós temos outras prioridades na pauta, aguardando e esperando que a gente tenha um fôlego. Nós não vamos ficar com isso e esperar ver se (a categoria aceita). Não, tudo o que nós podíamos fazer, a gente fez — destacou Adiló.

Porém, em nova reunião entre a categoria e a istração, ambos recuaram e foi acertado que os servidores manteriam a paralisação até esta quinta-feira e farão uma nova rodada de negociações, seguindo com a proposta da lei 409 em discussão.
A presidente do Sindiserv, Silvana Piroli, salientou que o Executivo pediu para que fosse fortalecido o diálogo com os servidores.
— Nós fizemos uma reunião com a comissão do Executivo, discutimos, apresentamos as nossas razões, a istração também apresentou as razões que eles têm, enfim, das dificuldades financeiras do município. E acordamos de que é preciso construir pontes. A 409 é muito importante para o conjunto da categoria. Os professores também precisam de um reajuste salarial no sentido de que a vida está muito dura nas escolas. Então, os servidores vão manter a paralisação mais um dia e em cima disso vamos buscar um entendimento – explicou a presidente.
O que já está definido desde janeiro
Na coletiva, o chefe do Executivo também apresentou o que já foi acertado com o sindicato ainda em janeiro de 2025, sendo:
- De abril/24 a dezembro/24: ganho real 2,16%, já pago
- A partir de Jan/25: 4,83% de reposição da inflação
- Reajuste de 22% do auxílio-alimentação a ser pago a metade a partir de junho de 2025 e o restante a partir de abril de 2026. Novo valor líquido do auxílio-alimentação: R$ 854,57.
Negociações com a Educação Infantil
Outra categoria que está reivindicando um reajuste salarial é a da educação infantil da Gestão Compartilhada. A mobilização é organizada pelo Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional (Senalba) e acontece em defesa de melhores condições de trabalho e valorização profissional.
A secretária da Educação, Marta Fattori, afirmou no início de maio que foi proposto um reajuste salarial de 5,6%, o que, segundo ela, não foi aceito. Com isso, quem tomou a frente das discussões foi o vice-prefeito, Edson Néspolo. Em entrevista ao Pioneiro, o vice destacou que a prefeitura tem a expectativa de evitar a greve que está marcada para esta quinta-feira (22).
— Eu estive com a equipe em negociações nesta quarta e estou com a expectativa de que a gente vá conseguir equacionar isso de uma forma amistosa. Acho que não vamos precisar judicializar esse processo — comentou Néspolo.