
O badalar dos sinos das igrejas espalhou pelo Centro de Porto Alegre um chamado distinto com a escolha do novo papa na tarde desta quinta-feira (8). Como que guiados por um impulso quase silencioso, três homens de idades e histórias diferentes atravessaram a correria da manhã e se encontraram, por acaso, nos bancos da Catedral Metropolitana, no Centro Histórico da Capital.
Unidos pela curiosidade e pelo instante histórico, Christian Getar, de 19 anos, Pedro Paulo Sampaio, de 68, e Marcelo Caldeira, de 53, acompanharam lado a lado a cerimônia que apresentou ao mundo o novo líder da Igreja Católica: o Papa Leão XIV, nome adotado por Robert Prevost.
Foram duas horas de partilha entre desconhecidos, agora ligados por um momento que não se repetirá tão cedo. Christian foi o primeiro a chegar – ele trabalha em uma galeria próxima e atravessou a rua movido pelo som dos sinos. Ao chegar no local, começou a assistir a cerimônia pelo seu celular.
— Como trabalho aqui do lado e até estava acompanhando, resolvi sair para almoçar. Depois, comecei a ouvir os sinos e vim até a catedral correndo. Abri o vídeo da transmissão para acompanhar — conta o estudante.
Já Marcelo, que trabalha como segurança, foi até a catedral porque a filha o avisou. Com o badalar dos sinos, observou que Christian estava acompanhando o anúncio e sentou-se ao lado dele para ver o anúncio do escolhido.
— A minha filha avisou e eu perguntei: "Mas já?". Aí ouvi os sinos e entrei na catedral. A escolha leva mais tempo e eu, como praticante do catolicismo, espero que ele continue dando a mesma olhada que o Francisco dava aos pobres. Já o amo e quero o melhor — relata.
O último a chegar foi o comunicador aposentado Pedro Paulo Sampaio. O som dos sinos lhe despertou a memória e o desejo de acompanhar de perto o anúncio. Ao encontrar Christian e Marcelo, se aproximou para acompanhar a transmissão, compartilhando com os até então desconhecidos um desejo: a escolha por um papa brasileiro.
— Não foi um brasileiro, mas é um papa americano, com cidadania peruana. É um líder moderado e que deve seguir a linha do Francisco. Cada líder é único e ele tem todo o direito de ter a sua linha — destaca o comunicador.
Com o fim do anúncio e do começo de uma nova era, os agora amigos acreditam que não irão acompanhar uma nova escolha do papa tão cedo, mas contam com a certeza de que uma nova amizade surgiu devido ao evento histórico.
— Agora a gente vai dar um jeito de manter o contato. Foi por acaso e histórico como esse evento – brincou Pedro Paulo.