As capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) são mamíferos roedores que vivem em grupos e costumam habitar margens de rios, lagos e banhados.
De acordo com o setor de catalogação de fauna da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), elas se alimentam de vegetação aquática, capim e gramíneas, e podem atingir até 75 quilos.
Com hábitos semiaquáticos e sociais, são vistas tanto durante o dia quanto à noite, especialmente em locais com água corrente ou espelhos d’água — características encontradas em boa parte dos parques de Porto Alegre.
De aparência pacífica e movimentação lenta, as capivaras costumam atrair a curiosidade de quem a. Porém, a aproximação pode ser prejudicial — tanto para os humanos quanto para os próprios animais.
— As capivaras são animais silvestres. Animais silvestres são protegidos por lei. Então, tem a Lei dos Crimes Ambientais que regula isso. As pessoas não podem alimentá-las, não devem se aproximar, porque a gente não sabe o comportamento de um animal silvestre quando ele estiver assustado ou se sentir ameaçado — alerta Tatiana.
A lei mencionada por ela é a nº 9.605, de 1998, que trata dos crimes ambientais e prevê sanções para quem interferir, capturar ou causar dano à fauna nativa.
Além disso, como lembra a veterinária, os animais já encontram alimento suficiente na vegetação nativa da orla e do arroio. Por isso, não há necessidade — e tampouco benefício — em oferecer comida.
— Elas já possuem ali os alimentos na orla que já são específicos, que são as gramíneas. São as plantas ali da várzea do arroio — destaca.
Apesar de parecerem inofensivas, capivaras podem ser hospedeiras do carrapato-estrela, vetor da febre maculosa. No entanto, segundo a Secretaria da Causa Animal, não há motivo para alarde em Porto Alegre, visto que a enfermidade não é comum no Sul.
— O carrapato-estrela pode ser o transmissor da febre maculosa. O Rio Grande do Sul, ainda por estarmos em uma zona abaixo do Trópico de Capricórnio, não é uma zona endêmica — esclarece.
Outro cuidado importante envolve a presença de animais domésticos nas áreas com capivaras, como o Marinha. eios por parques ou pela Orla devem ser feitos sempre com os pets na guia.
— O cachorro, por exemplo, é a mesma orientação que as pessoas. Os animais silvestres, a gente não pode prever qual é o comportamento deles. Então, a gente tem que evitar interação com as pessoas e com os animais. Sempre manter a distância — disse Tatiana.
Diante do crescimento de registros em áreas urbanas, a prefeitura e o governo estadual vão realizar, nesta quinta-feira (29), uma reunião técnica com participação da Secretaria do Meio Ambiente, Patrulha Ambiental da Brigada Militar (Patram), Gabinete da Causa Animal e gestores ambientais.
A pauta central será a elaboração de um protocolo prático para o manejo de capivaras e outros animais silvestres em zonas urbanas.
Um dos focos será o que fazer quando houver formação de novos grupos ou nascimento de filhotes em áreas urbanas densamente ocupadas. Por enquanto, a convivência entre humanos e capivaras exige um gesto simples, mas fundamental: respeitar a distância.
— Os animais estão aí, eles vieram junto à orla, à população, e a gente tem que saber conviver entre a natureza e o ser humano — conclui Tatiana Guerra.
*Produção: Murilo Rodrigues