
As 50 escolas de Educação Infantil com gestão compartilhada estão com as atividades comprometidas nesta segunda-feira (5), em Caxias do Sul, em razão de uma paralisação convocada por profissionais da categoria.
De acordo com o presidente do Senalba — sindicato que representa esses trabalhadores —, Claiton Melo, há falta de profissionais para atender nas instituições e carência de infraestrutura adequada para o inverno, como aquecedores.
Melo também critica as condições para negociação de reajuste salarial dos cerca de 800 profissionais da categoria:
— São mais de 4 mil servidores concursados que ganham, em média, 7%, 8%, 10% (de reajuste salarial). E o terceirizado, que são só 800 (profissionais), ganham 4%, 5%, 5,5%. Por que não há uma política de um reajuste igual para todo mundo? São coisas que vão enchendo o trabalhador, que está trabalhando diariamente sobrecarregado, desde que voltou das férias.

Nessa manhã, um ato ocorreu em frente à sede da secretaria Municipal da Educação (Smed), na Rua Borges de Medeiros, para reivindicar melhorias. A manifestação continuou no final da manhã na Praça Dante Alighieri, com cerca de 300 pessoas, que levavam cartazes e apitos para chamar a atenção. Melo afirma que a paralisação se encerra nesta segunda.
Professora da Educação Infantil com gestão compartilhada há seis anos, Kamila Nunes, 34 anos, conta que as salas de aula estão superlotadas e que ela atende sozinha, há um mês, 12 bebês, por falta de um auxiliar.
— Estou sozinha tentando dar conta das crianças, os meus alunos têm de um a dois anos. Estou sobrecarregada — confessa.
Karine Mendes, 42, também é professora e pede por uma remuneração mais adequada:
— Reivindicamos salários mais dignos, (adicional de) insalubridade, que as professoras de educação infantil não ganham, além de cuidadores e monitores. Todo mundo é professor, estudamos, nos qualificamos e gostaríamos de ter os mesmos direitos.
Contraponto
De acordo com a Smed, as escolas de gestão compartilhada estão abertas, contudo, uma contagem inicial indica que metade dos funcionários aderem à paralisação, situação que impede o recebimento das crianças nessa segunda.
A secretária da Educação, Marta Fattori, afirma que as negociações estão em andamento, e que foi proposto um reajuste salarial de 5,6%, o que, segundo ela, não foi aceito até o momento.
— Não temos como fazer essa equiparação salarial com um servidor que tem plano de carreira e ou por um concurso. Esses profissionais são contratados via CLT e têm contratos com as entidades que fazem a gestão. Através do nosso contrato, fazemos a parte que nos compete, que é negociar o índice, tentar recompensar — complementa.
A titular da pasta lamentou o movimento e acrescenta que cinco mil famílias ficam desassistidas por não terem onde deixarem suas crianças neste início de semana.
Anunciou para os dias 9 e 10 um mutirão para contratação de profissionais, por meio da seleção de currículos. Marta também relata que uma equipe técnica faz visitas periódicas nas escolas para resolver problemas de infraestrutura.