
A projeção do setor de malharias da Serra é de um ano de retomada nas vendas para 2025. No ano ado, malheiros viram as vendas despencarem durante e após o período da enchente no Rio Grande do Sul. Mesmo com cautela, o frio que vem dando as caras nos últimos dias anima os produtores.
De acordo com o presidente do FitemaVest, sindicato que representa as indústrias de fiação, tecelagem, malharias, vestuário, calçados e órios da região nordeste do RS, Rogério Bridi, boa parte das indústrias ainda têm estoques de 2024 e mantêm expectativas altas para a chegada do inverno:
— Muita gente deixou de vender, em função das regiões que foram atingidas na enchente, serem de sua área comercial. Então, para esse ano, a expectativa é de melhora. O inverno não deu sinal muito cedo, ele está começando agora. A situação do malheiro depende muito do frio, se tivermos frio, com certeza, vai ter demanda. E aí a expectativa é de uma recuperação — afirma.
A preocupação, conforme Bridi, é que o setor depende diretamente do clima. No ano ado, o mês de julho ficou marcado pelo pouco sol, muito frio e umidade, mas mesmo com as baixas temperaturas, o volume de vendas foi baixo em função dos impactos da enchente.
Agora, já para o mês de maio deste ano, a previsão da Climatempo aponta que a entrada de massas de ar frio de origem polar, de moderada a forte intensidade, são mais prováveis e podem causar quedas de temperatura acentuadas, gerando até geada em alguns pontos.
— Quando esfria, a demanda é bem acentuada. Temos a expectativa de um inverno bom. Se a gente tiver um inverno que não seja de frio extremo, mas que seja contínuo, ficamos com expectativa de boas vendas, como já tivermos amostras disso nesses poucos dias de frio. Já deu para sentir o movimento tomar volume — analisa Bridi.
Mesmo com a alta expectativa, o setor segue cauteloso. Por isso, a análise do FitemaVest é de que a mão de obra seguirá sem contratações neste ano. Caso as vendas sejam boas, como é a projeção, algumas malharias podem buscar mais mão de obra para fortalecer a produção.
— A gente não está com aquele otimismo todo da economia, então o pessoal está segurando e compra aquilo que precisa. Mas, pelo que se nota, quando faz frio, o pessoal compra. Dá um prenúncio de que vai ser um bom inverno — afirma.
Além do frio, o Dia das Mães que se aproxima é uma das apostas principais do setor malheiro para alavancar as vendas. Essa é uma das principais datas para os fabricantes da região.
— É a melhor data da estação, tem muita representatividade. Por isso, é importante que se mantenha esse clima friozinho, não tão chuvoso, que permite que o pessoal vá para as lojas e busque uma malha — projeta.
"Para nós, se esfriou, vendeu"

Sem o frio constante nos períodos de outono e inverno, foi preciso se reinventar e usar a criatividade para impulsionar os negócios. Tem sido assim na Ballardin Malhas, em Caxias do Sul, que neste ano aposta em duas novidades: uma linha de malhas para pets e produtos na cor do ano da Pantone, a Mocha Mousse.
Adriele Daniel, diretora de marketing da empresa, revela que o lançamento que será aposta da estação é a bota em malha na cor Mocha Mousse. O produto será lançado mirando também o período de frio na Serra.
— A gente tá apostando na linha pet, que lançou nesta segunda-feira (28) e foi um sucesso. Estamos com projetos de tentar não só focar no setor feminino, seja com a linha pet, temos o masculino, infantil... — explica.

Na última sexta-feira (2), mesmo em meio ao feriadão, o movimento era intenso na unidade da fábrica no bairro Cruzeiro, em Caxias do Sul. A loja vende para revendedoras, que lotavam os carrinhos de produtos de inverno.
Nas unidades de Farroupilha e Gramado, que vendem diretamente ao consumidor final, a procura também já tem sido positiva. Na Região das Hortênsias, a Páscoa já foi um bom termômetro para as vendas de 2025.
— Faz alguns anos que a gente já não tem um inverno tão bom. Talvez 2021 foi o último, quando nevou. Ano ado, apesar da enchente, também foi um inverno muito instável. Era uma semana fria, uma de calor. Mas as expectativas estão ótimas, porque já está frio em abril. E faz tempo que o Dia das Mães também não era muito frio. Essa data ajuda bastante a aquecer o mercado — projeta Adriele.
Assim como o presidente do FitemaVest, a diretora de marketing da Ballardin aponta que o frio ainda é o maior incentivador da venda de malhas:
— Não precisaria ser aquele frio de nevar, que chega a doer. Tendo um friozinho já ajuda. Para nós, esfriou, vendeu. É a matemática básica. A gente depende totalmente e diretamente do frio — observa.
Região com altas projeções

A partir do dia 9 de maio, Nova Petrópolis sediará a 4ª edição da Tricofest. São esperados 100 mil visitantes no Centro de Eventos (Rua Padre Theobald, 1.700) sempre às sextas, sábados e domingos. A entrada e o estacionamento são gratuitos.
Na feira estão confirmadas 26 malharias de Nova Petrópolis que esperam comercializar até R$17 milhões em sete finais de semana.
A quarta edição da Tricofest vai contar com atrações culturais, praça de alimentação e, nesse ano, desfiles de moda. O primeiro deles ocorre no domingo (11), Dia das Mães, e o outro no dia 8 de julho, às 15h.
Depois do evento em Nova Petrópolis, que segue até o dia 22 de junho, a Tricofest desembarca em Picada Café.
Por lá, o evento inicia em 4 de julho e segue até 3 de agosto, nas sextas, sábados e domingos, no Parque Histórico Municipal Jorge Kuhn.