Exercícios em casa: um guia para manter a atividade física
Exercícios em casa: um guia para manter 
a atividade física
  • Oito os para manter a resiliência em tempos de pandemia

    Oito os para manter a resiliência em tempos de pandemia
  • No Brasil, o Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) conduziu um estudo semelhante para avaliar a qualidade do sono durante a pandemia. Embora ele tenha sido respondido por cerca de 6 mil brasileiros, os pesquisadores focaram na análise dos questionários vindos do território gaúcho, totalizando 2.474 adultos. Desse número, foram recortados aqueles respondentes que tinham filhos, ou seja, que fizeram o isolamento domiciliar familiar, o que resultou em 577 famílias. As conclusões, diz Magda, reforçam a piora na qualidade do sono. 

     — Observamos que, nessas famílias, 69,8% dos adultos qualificavam com algum distúrbio do sono. A média de estudos realizados no Brasil antes da pandemia era de 30% — alerta a docente, que também é neurologista infantil habilitada em medicina do sono. 

    Entre as crianças pequenas, esse índice quase triplicou. Em estudo epidemiológico com o perfil do sono publicado em 2019, as alterações em crianças de zero a três anos chegavam a 20%. Agora, esse percentual chegou a 58,6%. Dos quatro aos 12 anos, as alterações chegaram a 27,2% (antes, eram 23%), e dos 13 aos 17, 56,6% (antes, eram 33,4%). 

    — O estudo também mostrou a inter-relação entre o sono dos pais e das crianças. É uma via de mão dupla, em que um influencia no outro — acrescenta a pesquisadora do InsCer. 

    Na análise das respostas qualitativas dos entrevistados, os pesquisadores evidenciaram as características do sono pandêmico. Entre os adultos, os termos recorrentes foram ansiedade, mudança nas rotinas e preocupações. 

    — Comparamos essa impressão subjetiva da pessoa com o resultado do teste objetivo que ela respondeu e comprovamos que os indivíduos que achavam que tinham piorado o sono de fato o pioraram — diz Magda. 

    A pesquisa do InsCer prossegue e deve ter uma nova fase iniciando agora em abril. Além desse trabalho, a Associação Brasileira do Sono (ABS) faz uma pesquisa online para compreender como a pandemia mexeu com o sono da população (leia mais no quadro ao fim da reportagem). 

    O risco das telas 

    Telas "embaralham a mensagem para o cérebro"

    Ao escurecer, os receptores da retina captam essa redução da luminosidade e enviam uma mensagem para o cérebro dizendo que a hora de dormir se aproxima. Então, nosso relógio biológico determina a secreção da melatonina, hormônio interno do sono, e a temperatura do corpo é regulada. Eis que, quando o corpo compreende que o momento de dormir se aproxima, você pega o tablet e confunde o cérebro. Resumidamente, é por esses motivos que o uso de telas é considerado um dos vilões da boa noite de descanso, ressalta a neurologista do InsCer: 

    — Todo o ambiente para dormir está preparado e se coloca a tela, embaralhando a mensagem para o cérebro. Depois, tem a segunda questão: a rede social, hoje em dia, virou mais ansiogênica. São brigas, pessoas contra, a favor. Todo mundo se sente mal, mas olha no Instagram e a vida dos outros parece uma maravilha, as coisas falsas geram mais ansiedade, depressão

    Muito embora a vida de adultos e crianças tenha se tornado mais dependente de telas do que nunca, a recomendação é parar de usá-las entre 30 minutos e uma hora antes de dormir. Menores de dois anos não devem usá-las, enquanto os maiores podem usar de duas a três horas por dia. 

    Sonhos pandêmicos 

    Com tantas mudanças na vida e nos relacionamentos, pode-se inferir que os sonhos também foram impactados pelo período pandêmico. Além do sono, pesquisadores brasileiros têm se debruçado sobre a produção onírica do momento. A psicóloga Cláudia Perrone, professora do Departamento de Psicopatologia e Psicanálise da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), conta que as temáticas dos sonhos ao longo desse um ano de pandemia foram mudando. Ela e a colega Rosi Gurski conduzem a pesquisa "Sonhos confinados em tempo de pandemia", que reúne relatos, preferencialmente, oriundos de profissionais da saúde e professores. 

    — Em um primeiro momento, as pessoas sonhavam muito com medo, que retornavam para suas casas de infância e que estavam perdidas. Depois, quando as coisas pareciam ter ficado sob controle, começaram a surgir relatos de que se estava voltando a trabalhar, reencontrando os colegas, os chefes. A partir do final do ano, mais uma vez, aparece a preocupação com a morte. Algumas pessoas apareciam em sonhos de destruição, cidades semidestruídas, meio sem lei — relata. 

    Mais recentemente, diz, cresceram as referências à força para manter a separação da morte. O estudo também prossegue (saiba como participar no quadro mais abaixo). 

    Dicas para uma boa noite de sono

    Uma boa e efetiva noite de sono a, obrigatoriamente, pela manutenção da rotina. A recomendação é procurar dormir e acordar em horários semelhantes para não desregular o organismo. Também é importante tornar o ambiente aconchegante, com luminosidade baixa e poucos ruídos. Banhos quentes e chás sem cafeína podem auxiliar no processo. Ao longo do dia, mas nunca perto da hora de deitar, procure fazer exercícios físicos

    Ambiente
    Lembre-se que a cama não é poltrona, ensina Antônio Rocha, dentista do sono. Portanto, mantenha-se longe dela nos momentos em que não vai dormir. 

    — Isso ajuda o cérebro a entender que a hora de ir para a cama é algo sagrado, não é lugar para comer nem para leituras de trabalho — reforça o presidente da ABS-RS. 

    Sol
    Exponha-se ao sol durante o dia para que o corpo sincronize com ritmo de claro e escuro. Se morar em apartamento, abra as janelas ou fique em uma área com iluminação natural por alguns minutos. 

    Soneca
    Evite dormir ao longo do dia, mas sonecas de até 30 minutos são bem-vindas e consideradas revigorantes, especialmente após o almoço. Acima desse tempo, explica a médica especializada Maíra Rocha, elas podem interferir no sono noturno. Ela acrescenta: 

    — Não se pode achar que cochilo vai compensar uma noite de sono ruim. 

    Alimentos e bebidas
    Não consuma alimentos com cafeína perto da hora de dormir. Café, refrigerantes, achocolatados e até o chá verde podem afetar o sono. Também evite comer e tomar bebidas alcoólicas muito perto da hora de deitar. 

    — Tomar um chá de forma relaxante pode fazer parte da rotina de desaceleração — sugere Rocha. 

    Medicamentos
    Para tratar a insônia, a primeira indicação é a terapia, diz Maíra. As medicações só devem ser usadas quando prescritas e se houver falha na terapia ou outro quadro associado.  

    — O risco de tomar um medicamento não individualizado é de causar dependência e tolerância, ou seja, a pessoa vai precisar de doses maiores — argumenta a médica do sono. 

    Como participar dos estudos 

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