
"Um grupo de amigas." É assim que as voluntárias da Associação de Clubes de Mães de Caxias do Sul definem a entidade que completa 50 anos em 2025. Fundada por Aly Chaves Barcelos, em 8 de maio de 1975, a associação têm como objetivo reunir os clubes de mães, promovendo atividades que envolvam as mais diversas áreas da vida, da familiar à profissional, da espiritual à emocional. Durante as reuniões promovidas nos grupos o sentimento das participantes é o de valorização e crescimento pessoal.
Ao longo desses 50 anos, o objetivo do grupo ou por mudanças e foi se adequando às necessidades das mães participantes que, agora, além de cuidar da casa, dos filhos e netos, também se desdobram em outras funções no âmbito profissional.
Por isso, os clubes de mães aram a ser não só um momento de lazer e amizade, bem como de troca de conhecimentos. Com o ar dos anos, a associação chegou a contabilizar 99 grupos distribuídos por vários municípios da região.
A presidente da Associação de Clubes de Mães, Marlene Capra Panazzolo, comenta que os clubes foram pioneiros de vários movimentos que ocorreram na história de Caxias do Sul, como os canteiros floridos da Avenida Júlio de Castilhos, as feiras nas praças, as decorações de Natal e até mesmo a elaboração do bolo de aniversário da cidade, realizado pelo Clube de Mães Rio Branco por meio de parceria com o Moinho Roseflor. Atualmente, ressalta Marlene, as políticas públicas dão sequência a esses trabalhos, para que assim, as voluntárias possam ajudar a comunidade com outras atividades.
— O que a gente quer dos nossos Clubes de Mães? Que as voluntárias sejam amigas. Além de tudo, um grupo de amigas que estão juntas para os momentos bons e ruins. Eu sou apaixonada pela alegria que elas têm de estarem juntas — comenta Marlene.
Nesses 50 anos, mesmo diante de todo tipo de adversidade, incluindo a pandemia, a enchente ou até mesmo os problemas pessoais, a força de vontade, a amizade, o espírito comunitário, o amor e a dedicação pelo que fazem tem sustentado essas mulheres, amparando-se umas às outras, para encarar os desafios da vida.

Grupos atuam de forma autônoma e com a necessidade de cada comunidade
Em Caxias existem 72 grupos filiados, localizados em diferentes regiões da cidade. Cada um trabalha de forma autônoma e de acordo com a necessidade da comunidade. A vice-presidente da associação, Zaíra Maria Rosa Ramos, explica que nos clubes em que as voluntárias trabalham com artesanato, a finalidade é que elas aprendam diferentes técnicas para rear esses ensinamentos para seus familiares, seja a nora, o filho ou a filha.
— Essas atividades que são realizadas dentro dos clubes também contribuem para a saúde mental dessas mulheres, já que desperta a curiosidade e elas aprendem um novo trabalho manual. Não deixamos a mente parar de funcionar. Nós conseguimos levar conhecimento nos bairros, em todos os sentidos, seja com palestras, cursos ou até mesmo entre elas. Esse é trabalho da associação — ressalta Zaíra.

"A gente se ajuda e se escuta muito", diz Ires Pozzer Perotti
Toda terça-feira, faça chuva ou faça sol, 45 voluntárias se reúnem no Clube de Mães Jesus Bom Pastor, localizado no bairro São Leopoldo. Em meio às tramas de tricô e croché, as tardes são regadas por conversas e trocas de experiências. Participante há 30 anos, a atual presidente Ires Pozzer Perotti conta que entrou para o grupo num momento em que sentiu a necessidade de ter amigas.
— Na minha vida o clube representa muito trabalho, amizade e companheirismo. Quando não estamos bem, recebemos apoio de todas as mulheres. Aqui amos as nossas tardes, sentamos, conversamos, dividimos nossa vida umas com as outras. A gente se ajuda e se escuta muito. Eu sinto que o clube é isso, é essa amizade, é essa troca, porque o clube é feito por nós e para nós — comenta Ires.
Mesmo em meio ao tratamento contra o câncer de mama, a vice-presidente, Nelly Teresinha Furlan não deixa de comparecer aos encontros. Ela também conta que o grupo já proporcionou diversos momentos bons, como eios e palestras. Nelly comenta que o clube de mães virou um refúgio e um lugar onde ela encontra forças para enfrentar a doença.
— A gente também ajuda a comunidade, em função da parceria com o Moinho Roseflor, nós fazemos massas para as festas da igreja. Mas, além disso, elas também me dão força. Eu gosto de estar aqui, gosto de vir ar as minhas tardes. Nós fazemos tricô, croché, conversamos bastante e elas me ajudam e me acolhem. Me sinto bem no clube de mães — diz Nelly, agradecida.
Jogando conversa fora com direito a café da tarde
A atual presidente Ana Adamatti, junto com Lúcia Pola Smaniotto e Graciema Melotto, criaram o Clube de Mães Rio Branco, localizado no bairro de mesmo nome, porque sentiram a necessidade de vivenciar mais momentos de lazer.
Fundado há 23 anos, o clube reúne 35 mulheres de diferentes idades e estilos, uma vez por semana, para arem um tempo maior juntas. Durante as tardes, elas dedicam-se à confecção de crochés e costuras, além da elaboração de pães e massas.
Ana conta que as famílias das participantes são agradecidas pelo tempo que elas am no clube, já que acabam desenvolvendo novas formas de lazer, participando de várias trocas de conhecimento. No tempo que am juntas, aproveitam para jogar conversa fora, com direito a café da tarde, com os pães produzidos por elas.
— Elas gostam muito de vir. Aqui é um momento de criar e manter laços de amizade, de conversar, de conhecer novas formas de lazer. Eu sempre estou aqui, talvez o mais tempo aqui, no clube, do que com a minha família. Mas eu amo isso aqui — comenta Ana.
Entre memórias e histórias
Durante os 50 anos de Associação de Clubes de Mães de Caxias do Sul, foram colecionados diversos momentos marcantes, como o lançamento de um reunindo as receitas de todas as mães dos clubes, além da realização de pedágios solidários, do concurso de panificação, da confecção de enxovais para os recém-nascidos, e até de máscaras, na época da pandemia.
Em meio a tantos eventos marcantes, um deles teve projeção mundial. É que por conta da realização dos Jogos Olímpicos Rio 2016, a associação foi representada por uma de suas voluntárias, que teve a honra de percorrer um trecho carregando a tocha olímpica, em Caxias do Sul.
A presidente da época e uma das participantes mais antigas do clube de mães, Roseli Trevizan, foi inscrita por uma das filhas que ficou sabendo que a Nissan estava selecionando histórias de pessoas que trabalham em prol da comunidade. Então, a história de Roseli foi a escolhida, tendo reconhecido seu trabalho comunitário por conta da Associação de Clubes de Mães.
Mesmo com o frio congelante daquele dia, Roseli, com 71 anos na época, conta que conseguiu completar o percurso, com aplausos das amigas e da família, finalizando o trajeto entregando a tocha para o treinador de futebol Tite.
— Foi extraordinário! Os carros de som, o caminhão falando de mim e do clube de mães, aquela multidão de gente, o apoio da minha família... Foi maravilhoso! Tenho muito orgulho e guardo a tocha olímpica comigo. Isso é parte da minha história, todo mundo sabe o quanto eu gosto do trabalho que faço aqui e foi isso que me levou até lá. Ainda me vejo correndo. Foi uma experiência única — lembra Roseli.
Dia Municipal do Clube de Mães
- Além de ser mês o das mães, maio também carrega um outro significado especial para os Clubes de Mães. É que o dia 8 de maio foi instituído, em Caxias do Sul, como sendo o Dia Municipal dos Clubes de Mães.
- Atualmente, a Associação de Clubes de Mães de Caxias do Sul (ACMCS), que completa 50 anos em 2025, está localizada no Ponto de Cultura - Casa das Etnias, no bairro Cristo Redentor.
- A associação recebeu da Câmara de Vereadores, na quarta-feira (7), o Prêmio Caxias do Sul. A proposta foi da vereadora Sandra Bonetto (Novo). A Primeira-dama do município, Jussara Canali, que é presidente de honra da ACMCS, prestigiou a homenagem.
- Em Caxias existem 72 clubes de mães filiados à associação, localizados em diferentes regiões da cidade. Cada um trabalha de forma autônoma e de acordo com a necessidade da comunidade.
- Entre os momentos marcantes dos clubes está a realização da tradicional festa "Mãe Destaque", homenageando e reconhecendo o trabalho da voluntária que mais se evidenciou durante o ano.
- Entre os objetivos centrais da associação está a sensibilização por um maior envolvimento de novas voluntárias já que, por conta da pandemia, muitas deixaram de participar dos encontros.