
O bispo diocesano de Caxias do Sul, dom José Gislon, acredita que o novo papa, Robert Prevost, que escolheu o nome de Leão XIV, seguirá o legado de Francisco e trabalhará na expansão do Evangelho. A declaração foi dada em coletiva de imprensa horas após a eleição do 267º pontífice, nesta quinta-feira (8), no segundo dia do Conclave.
Nascido nos Estados Unidos, mas com cidadania peruana desde 2015, Robert Prevost foi nomeado cardeal em 2023 e é descrito como moderado e construtor de pontes. Francisco também o nomeou para um importante cargo no Vaticano: prefeito do Dicastério para os Bispos no mesmo ano. Para dom José Gislon, a eleição foi uma “grata surpresa".
— É um homem com uma experiência internacional de governo na ordem, de conhecer a realidade da igreja a partir da Ordem Agostiniana, em várias realidades do mundo. Ele é um homem, de certa forma, muito simples, que traz na sua bagagem toda essa experiência daquela proposta do papa Francisco, de uma igreja missionária, com um olhar para com os menos favorecidos, uma igreja de portas abertas, acolhedora. Temos certeza que dará continuidade ao papado de Francisco — destaca o bispo.
Dom José Gislon também refletiu sobre a escolha do nome, Leão XIV. Isso porque o último pontífice que adotou esse título publicou a famosa encíclica Rerum Novarum (1891), que abordou a questão operária, os direitos dos trabalhadores e a justiça social.
— A escolha do nome também é muito sugestiva, pois há mais de cem anos nós não tínhamos um papa com esse nome, dado que o papa Leão XIII teve um longo pontificado, de 1878 a 1903. A época também era de muitas mudanças na sociedade europeia, de muita convulsão social e foi esse Papa, diante de todo o caos, que criou o Rerum Novarum. A encíclica aborda a missão da igreja também nessa realidade do menos favorecido e, acima de tudo, de aproximar a classe dos desprovidos, em busca de uma paz social, da dignidade de vida e também dos trabalhadores — destacou o bispo.
Com o crescimento dos movimentos extremos no mundo, o bispo também destacou que o novo Papa deverá manter a igreja independente, mas sempre olhando para o mundo de forma plural.
— Basta lembrar que o papa Francisco nunca voltou para a Argentina e ele sempre manteve a sua independência no cargo de Papa. E eu não tenho dúvida nenhuma que esse também será um Papa assim, porque a missão dele não é defender uma realidade de um país, é trabalhar pela causa do Evangelho e fazer com que o mesmo possa chegar ao coração das pessoas e criar laços de fraternidade — salientou.
Sobre os desafios do novo Papa, dom José Gislon destacou a tolerância com as diferenças e o protagonismo das mulheres na Igreja, questões que já vinham sendo trabalhadas por Francisco.
— A Igreja também deve fomentar as várias mudanças já feitas pelo papa Francisco, como ter colocado várias mulheres ao serviço da Igreja, na cúpula da Igreja, além de seguir um caminho sem retrocessos — refletiu.
Na noite desta quinta-feira (8), às 19h, a Catedral Diocesana realizará a sua tradicional missa, mas desta vez será feita uma celebração de "ação de graças" para homenagear o novo Papa.