
Farmacêutica por formação e doceira por paixão, Marina schini Susin de David transformou um hobby em um negócio que conquistou o paladar e o coração de muita gente. A filha de Paulo Ricardo Susin (in memoriam) e Izabel Cristina schini, é criadora da Que Brigadeiro, produto que estreou em 2015 despretensiosamente e hoje é referência em confeitaria. Ao lado do marido Rafael de David, com quem compartilha quase duas décadas de vida, e dos filhos Helena, de 12 anos, e Enrico, de 6, ela superou os desafios do início — sem experiência profissional em cozinha — e conduziu a ideia desde a sala de casa até uma sede própria com mais de 20 colaboradores. Com sensibilidade, foco em qualidade e um olhar atento, Marina tece uma história de afeto em doces.

Como foi a transição da farmácia para a confeitaria e o momento exato em que percebeu que a Que Brigadeiro poderia se tornar um sucesso? Eu estava em casa desde o nascimento da minha filha. Sempre gostei de cozinhar e fazia cursos amadores como hobby — de risotos, massas, doces. No fim de 2015, quis presentear algumas pessoas com algo feito por mim, e decidi montar caixas com brigadeiros fresquinhos. Como na época não havia brigaderias gourmet em Caxias (ou pelo menos eu não conhecia), resgatei minhas receitas e comprei ingredientes da melhor qualidade. O presente fez sucesso, e logo começaram a surgir pedidos. Quando anunciei nas redes sociais que faria para comercializar, esgotou rapidamente. Os brigadeiros ao leite, noir e de pistache, além do bolo de cenoura, são os carros-chefes. Ali percebi que tinha em mãos uma marca — ainda sem imaginar o tamanho que ela teria.

Quais foram os principais aprendizados ao transformar sua casa em cozinha e depois estruturar uma sede e equipe? Nunca havia pisado em uma cozinha profissional, tudo o que sabia era amador. No começo, arrumava os móveis, colocava geladeira na sala, improvisava como podia. Aprendi muito na prática, desde o uso de equipamentos industriais até a organização da produção. Depois da segunda Páscoa, aluguei uma sala e levei uma funcionária. Quando a pandemia começou, já estávamos em uma casa maior, onde ficamos por quatro anos. Foi um processo de amadurecimento em todas as áreas — pessoal, técnica, estrutural e de gestão.

Como equilibrar criatividade e exigência técnica na hora de desenvolver novos produtos e manter o desejo pelos clássicos? Desde o início prezo por ingredientes de qualidade, e hoje também sigo critérios rígidos. Às vezes, preciso ajustar receitas por conta de custo, sazonalidade ou indisponibilidade de matéria-prima, como chocolates importados. Participo de feiras do setor, avalio tendências, e acompanho cada detalhe — desde testes até o produto final. Tenho um controle de qualidade criterioso, aceito críticas com humildade e busco melhorar sempre, ainda que isso custe tempo e dinheiro.

A Páscoa é uma das datas mais importantes para a Que Brigadeiro. Como transformou essa época do ano em uma experiência marcante? A Páscoa começa a ser planejada logo após a anterior. Tenho um bloco de notas com ideias fresquinhas: o que funcionou, o que faltou, sugestões dos clientes. Em dezembro compramos os chocolates, em janeiro recebemos as embalagens para fotografar e começamos a montar os detalhes — laços, papelaria, organização. Só deixamos para última hora o que é realmente fresco. A cada ano, a operação fica mais redonda. Este ano, por exemplo, lançamos ovos com design espiral e uma caixa que permite transporte seguro, inclusive para outras cidades. Até a Rafaella Santos, irmã do jogador de futebol Neymar, se interessou!

Quais são os planos para a próxima fase? Depois de uma temporada intensa — com a mudança para a nova sede e os impactos de uma enchente que atingiu nosso prédio — conseguimos nos reestruturar. Finalizamos grandes investimentos, organizamos a operação com plano de cargos e salários, equipe alinhada, processos claros. Agora o foco é expandir: criar um modelo “móvel” da Que Brigadeiro, abrir pontos fixos e atender a demanda crescente por franquias. Queremos crescer com consistência, mantendo os pés no chão e o coração na essência.

Raspando a a
- Gostaria de ter sabido antes que... a sua rotina de cuidados com corpo e mente farão diferença depois dos 40.
- Um chocolate que me define: o meio amargo.
- Um aroma: Lírios, aprendi com minha mãe a ter essa flor decorando a casa e amo o perfume que ela exala.
- Se pudesse presentear alguém com um doce, escolheria… meu pai, com toda a certeza. Queria muito que ele tivesse conhecido a Que Brigadeiro.
- Meu lugar preferido para criar novas receitas: como pisciana, a criatividade vem em qualquer lugar. Em viagens, vasculhando perfis aleatórios na internet e, principalmente, analisando comportamentos.
- Um filme que me inspira: A Fantástica Fábrica de Chocolate. Surpreendente, é como vejo a QB.