
Voltar da National Restaurant Association (NRA Show), a maior feira de foodservice do mundo, é como voltar de um futuro próximo. A cabeça vem fervendo de ideias, provocações e sinais de mudança que já estão acontecendo lá fora — e que podem (ou deveriam) impactar o jeito como a gente pensa, serve e vive a gastronomia aqui no Rio Grande do Sul.
Entre tantas conversas, mordidas, goles, experiências e palestras vividas por lá, selecionei cinco insights que me pareceram especialmente relevantes para o nosso cenário:
1. O cardápio do futuro é menor — mas mais estratégico

Em vez de apostar na variedade infinita, muitos negócios estão optando por cardápios mais enxutos, inteligentes e intencionais. A lógica é simples: menos escolhas para o cliente, mais clareza sobre o que a casa realmente faz bem. Aqui no Estado, isso pode significar a valorizção de ingredientes locais, a utilização de produtos com Indicação Geográfica e a aplicação dos dados de venda de forma mais ativa para construir menus mais eficientes.
2. A experiência virou o novo diferencial competitivo

Comer fora não é mais só sobre comida. É sobre sentir algo. Os lugares que se destacam são os que criam experiências sensoriais completas: som, luz, aroma, atendimento, ritmo. No contexto gaúcho, isso tem tudo a ver com nossa hospitalidade afetiva e com a força das memórias ao redor da mesa.
3. O gestor virou o novo chef

Uma mudança silenciosa (mas poderosa): os negócios gastronômicos bem-sucedidos lá fora estão sendo liderados por gestores com visão estratégica — mais até do que por chefs estrelados. Gestão, cultura interna, liderança e consistência se tornaram tão ou mais importantes que criatividade no prato.
No site do Sebrae RS tem muitos outros insights da NRA
4. Mixologia com terroir

Os bares estão virando vitrines da identidade local. A tendência global é criar drinks com ingredientes nativos, técnicas autorais e sotaque regional. Isso abre um mundo de possibilidades para a coquetelaria feita no sul do Brasil: butiá, cachaça artesanal, espumante da Serra, infusões com erva-mate — dá para contar histórias em cada gole.
5. Não tratamos mais clientes como consumidores — mas como convidados

Essa virada conceitual muda tudo. Receber alguém como “guest” (convidado) e não como “consumer” (consumidor) implica em repensar o atendimento, a comunicação e até o espaço físico. Em tempos de tanta automatização, a hospitalidade virou um diferencial humano e real.
Mais do que copiar tendências, a pergunta que fica é: como adaptamos tudo isso ao nosso jeito de ser? A resposta, acredito, está justamente aí: na coragem de olhar para fora — e retornar para o nosso dentro.
Para quem quiser saber as principais tendências do mercado, e o site e fique de olho.
*Diogo Carvalho viajou a convite do Sebrae RS para a NRA Show 2025