
O Aedes aegypti, mosquito responsável por transmitir a dengue, zika e a chikungunya, está mais forte: em Caxias do Sul, o vetor dessas doenças graves tem demonstrado capacidade de reprodução em estações que tradicionalmente impõem adversidades a sua sobrevivência, como o outono e o inverno. O reflexo disso é que o município entrou em alerta nesta segunda-feira (2) após identificar que seis regiões, de 16, têm índices preocupantes de infestação do Aedes.
O Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (Liraa), realizado entre 12 e 16 de maio pela Vigilância Ambiental em Saúde, aponta que Caxias está classificada no nível médio de infestação, o que exige atenção contínua para evitar uma epidemia.
O Liraa consiste em visitas aleatórias em todo o território da cidade e possibilita a localização da presença de larvas do Aedes. Além disso, os técnicos orientam ações para eliminação de criadouros, aplicação de larvicidas e mobilização da comunidade.
A maior cidade da Serra possui diagnóstico de infestação desde 2012 — isto é, quando o mosquito consegue se adaptar ao terreno, residências e condições climáticas. Especialmente a partir desse status, o Aedes aegypti demonstra aceleração na sua capacidade anos após ano, para além do verão.
A situação é constatada pela quantidade de criadouros encontrados nos imóveis e no aumento do período em que esses focos são localizados, explica o médico veterinário da Vigilância Ambiental em Saúde Rogério Poletto:
— Antes encontrávamos na primavera e principalmente no verão, hoje encontramos também no outono e muitas vezes no inverno, porque mesmo que o clima elimine o mosquito adulto, os ovos permanecem no ambiente. Isso faz com que ele se desenvolva em seguida, quando aumenta um pouco a temperatura novamente — alerta o especialista da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), ressaltando a importância de combater os criadouros.
O Liraa classifica o risco de infestação em três níveis: baixo (0,0% a 0,9%), médio (1,0% a 3,9%) e alto (acima de 4,0%). As localidades de Caxias em condições mais críticas para a presença do Aedes variam entre 1,3% e 3,1%, ou seja, estágio médio.
- Região 1 – Charqueadas, Desvio Rizzo e Forqueta — índice 2,2%;
- Região 4 – Planalto, Salgado Filho e São Vitor Cohab — índice 1,3%;
- Região 5 – Campos da Serra, Cruzeiro, De Zorzi, La Paloma e São Luiz da 6ª Légua — índice 1,3%;
- Região 9 – Centro, Cinquentenário, Nossa Senhora de Lourdes, Pio X e São Pelegrino — índice 1,4%;
- Região 11 – Cidade Industrial, Cidade Nova, Marechal Floriano, Mariani, Reolon e Tijuca — índice 3,1%;
- Região 13 – Centenário, Jardim Esmeralda, Linha 40, Nossa Senhora de Fátima e Pioneiro — índice 1,6%.

O último boletim da dengue, divulgado pelo município nesta segunda, informa que 90 casos da doença foram confirmados neste ano. Mais de 1,2 mil focos do mosquito foram eliminados. Apesar disso, nenhuma morte foi registrada.
— A partir de 2012, temos percebido uma diminuição das outras espécies de mosquitos e um aumento da espécie Aedes aegypti. Em um quarteirão onde antes encontrávamos um foco numa casa, hoje estamos encontrando em duas, três ou quatro casas. Então, o índice de infestação realmente está aumentando — afirma Poletto.
A Vigilância Ambiental recomenda uma verificação semanal em recipientes que podem juntar água nas áreas internas e externas de casas, apartamentos e comércios. Poletto pede cuidado para quem costuma captar água da chuva com tonéis e baldes, por exemplo. Esses reservatórios improvisados se tornam atrativos para o Aedes aegypti depositar ovos.
— O mosquito está fazendo o papel dele, que é se adaptar e se reproduzir. Nossa função é coletiva, é conseguir controlar nosso imóvel, o nosso terreno para diminuir os criadouros e a população do mosquito — complementa.
Conforme a SMS, a Vigilância Ambiental em Saúde realizou 54,9 mil visitas de inspeção para combate ao mosquito entre janeiro e abril deste ano.
As estratégias incluem uso de armadilhas do tipo ovitrampa, monitoramento contínuo e aplicação de inseticidas de ação residual em prédios públicos.
Cuidados preventivos
- Limpar com escovação semanal o recipiente de água dos animais domésticos;
- Recolher o lixo do pátio;
- Colocar o lixo ensacado para ser recolhido pela Codeca;
- Recolher pneus inservíveis e armazená-los em locais secos e protegidos da chuva, ou encaminhá-los à Codeca;
- Tampar caixas d’água;
- Colocar telas milimétricas em caixas d’águas descobertas, reservatórios de captação de água da chuva e nos ralos;
- Limpar as calhas;
- Semanalmente, lavar e escovar piscinas plásticas, trocando a água;
- Eliminar os pratinhos das plantas.