
Tema da coluna desta segunda, a Pensão Farroupilha foi o empreendimento que deu origem ao Excelsior Hotel, inaugurado em 1959 na Rua Sinimbu, defronte à antiga rodoviária. Porém, o prédio foi concebido originalmente para ser a nova moradia da família Storchi, então residente em uma casa de madeira vizinha à antiga Companhia Vinícola Riograndense – na Rua Os Dezoito do Forte, onde também funcionava a hospedaria.
Conforme destacado na publicação Hotel Excelsior - 50 Anos de Pioneirismo e Tradição, lançada em 2009, o bom faturamento e a clientela fiel da pensão motivaram o proprietário Fernando Storchi a investir em um prédio próprio, com vistas ao futuro dos seis filhos.
Com o apoio de dona Maria Albé Storchi, Fernando deu início, em 1954, à construção de um edifício com sete apartamentos na Rua Sinimbu, 1.421: um para ele e a esposa, os demais para os filhos Dário Carlos, Ladyr Dinarte, Dalvo João, Delso, Elma e Hélia. O falecimento do patriarca, em 13 de outubro de 1958, no entanto, alterou os planos.
Mudanças à vista
Com 12 anos à frente da Pensão Farroupilha, a família decidiu que era hora de mudar e ampliar o já consolidado serviço de hospedagem oferecido pelos Storchi. O filho Ladyr Dinarte sugeriu a transformação do então prédio residencial em hotel, ideia levada adiante em parceria com o caçula Delso, o seu Nei, recém-saído do serviço militar em Vacaria.
A partir daí, os dois, juntamente com o apoio da mãe e dos irmãos, seguiram com as obras – viabilizadas com empréstimos e crédito facilitado por amigos e lojas como a antiga Triches. Tudo ficou pronto em julho de 1959, para que, em 1º de agosto de 1959, ocorresse a inauguração oficial do Excelsior Hotel – à época com 23 quartos simples e quatro banheiros coletivos.


Ampliação em 1967
Em 1967, oito anos após a inauguração, o Excelsior foi ampliado. Outros 40 quartos foram acrescidos, graças a um novo prédio de quatro pavimentos erguido nos fundos do terreno. A reinauguração ocorreu em 1970, mesmo ano em que a família despediu-se da matriarca Maria Albé Storchi, falecida em 26 de março, aos 69 anos.
Conforme destacado no livro, embora doente, dona Maria auxiliava os filhos nas atividades no hotel. Seguidamente, ficava na recepção, atendendo os clientes, para que o filho Delso – emendando mais de 12 horas de trabalho por dia – pudesse almoçar.
Na foto abaixo, Maria e Delso na Praça da Bandeira, espaço que demarcou os dois empreendimentos da família Storchi em São Pelegrino.


Festa da Uva e turismo de negócios
Comandado pelos irmãos Delso e Ladyr Dinarte e suas respectivas esposas, Jamira e Iria, o Excelsior destacou-se no setor hoteleiro principalmente durante as Festas da Uva. Nos anos 1970 e 1980, a expansão do setor metal mecânico também contribuiu para atrair viajantes e empresários de várias cidades do Estado e do país a Caxias, consolidando o perfil do empreendimento no segmento de negócios.
Ali também atuaram colaboradores e familiares que fizeram do hotel uma segunda casa, entre eles Olivia Venâncio de Freitas Bressanelli, Alexandre Luis Gomes Bec, Mara Regina Oliveira Bec, Gabriela e Marcelo Storchi, filhos de Delso e Jamira; além de um sem número de clientes fiéis.
Uma rotina de hospitalidade, humildade, atendimento familiar e amizade com hóspedes que perdurou por mais de seis décadas, até o encerramento das atividades do Excelsior Hotel, em 2020.

Slides dos anos 1970
O resgate da trajetória da Pensão Farroupilha e do Excelsior Hotel decorre de uma doação de slides antigos feita por Fábio Storchi, filho de seu Nei. Preservados pela família por 50 anos, os “cromos” trazem registros preciosos dos desfiles da Festa da Uva de 1972, edição que marcou a primeira transmissão colorida da TV brasileira.
Tudo captado a partir das sacadas do hotel, exatamente no trecho da Sinimbu onde o corso preparava-se para dispersar, na esquina com a Rua Coronel Flores. Mas essa é uma história que você confere em detalhes em futuras colunas.